A PAELLA DE MIREIA

Mireia é descendente de espanhóis – seu nome vem daí: significa admirável ou admiradora. Em qualquer dos dois sentidos, faz jus à jovem: admiradora da culinária de suas origens ela é, igualmente, a admirável criadora de La Paella de Mireia, uma verdadeira festa que faz ao servir a seus clientes o prato típico de Valência.

A cidade espanhola é a terra natal de seus avós dos dois lados; e seu pai é ninguém mais que o cozinheiro, empresário de restaurantes e apresentador Allan Vila Espejo. Para quem por acaso não lembra, ele é o criador da rede Don Pepe di Napoli, um ícone paulistano.

Essa história percorre países além-mar, programas de TV e as calçadas de Moema, onde Allan construiu seu império de restaurantes. A menina admiradora da cozinha – a de seu pai, de seus ancestrais e do mundo – cresceu acompanhando o dia a dia nada comum de Allan. Ele ora estava à frente das câmeras no programa diário na TV Gazeta, preparando todo tipo de prato; ora fazendo paellas e bacalhau em eventos privados: ora comandando a rede Don Pepe, de culinária italiana, e até no Guiness Book, quando bateu o recorde com a maior brachola do mundo. Aos 14 anos, Mireia Vila Garcia corria com o pai pra lá e pra cá, aprendendo, praticando e desenvolvendo seu talento e destino: ela ia ser chef. Cursou Gastronomia na Anhembi e, entre as múltiplas personalidades gastronômicas do pai como referência, escolheu a sua própria, espanhola, para montar seu negócio, o restaurante La Tasca, em Moema. A paella sempre foi o foco, história e dna da admirável chef. Depois de uns anos, fechou a Tasca e, de panela debaixo do braço, assumiu bravamente o seu lugar de paelleira.

La Paella de Mireia oferece uma experiência de prazer e muito sabor – ela é das poucas profissionais mulheres a assumir o posto. Mireia faz o prato com as adaptações ao gosto do cliente, como a quantidade de camarões, por exemplo. A paella tem esse nome por causa da panela onde é feito: a paella. Seu principal ingrediente é o arroz – não os frutos do mar, como gostamos de imaginar aqui no Brasil. A região de Albufera, na província de Valência, é conhecida por seus campos de arroz, herança dos mouros que conquistaram a Península Ibérica no século VIII. Os camponeses trabalhadores carregavam a panela para preparar o que veio a ser chamado de arroz à valenciana: o cereal com ingredientes encontrados no local. A refeição era feita em grupo, direto na paella, uma espécie de frigideira rasa, larga e com alças. Alguns itens eram adicionados ocasionalmente -- carnes de frango, coelho, lebre, pato e caracóis. Os Campos de Albufera hoje possuem DOP – Denominação de Origem Protegida para seus arrozes e o mais utilizado para a paella é o tipo bomba.

Mireia utiliza o arroz parboilizado brasileiro, como fazem muitos cozinheiros que vêm para o país e conhecem nosso arroz. Ela gosta da aderência do caldo ao grão e o ponto que adquire, sem perda da qualidade seja para 4 ou 160 pessoas, a faixa de público que atende. O caso dos camarões que vieram parar na paella na versão brasileira é semelhante ao do cream cheese que colou no sushi: em algum momento alguém colocou e se tornou parte da receita. Nada tira o bom humor de Mireia e o tempero que faz com que a sua paella – e toda a traquitanda que o preparo requer – siga passeando por Moema, por toda a cidade e além, nas mãos admiráveis da paelleira.

Ficou com vontade?

Liga pra Mireia.

Hasta la vista!

Bom apetite e até a próxima

@lapaellademireia


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